segunda-feira, 17 de junho de 2013

Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores

Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

(Geraldo Vandré)
(Imagem - net, se alguém souber, me passe os créditos)

domingo, 16 de junho de 2013

Cão que bate o rabo...

Bem, os que acompanham este blog desde o começo, sabem que o intuito principal dele é relatar viagens... pois bem... considero também as viagens "da minha cabeça"...
Eu tenho carteira de habilitação, mas eu dirijo muito pouco... talvez tenha um porque disso tudo e não saiba... Enfim, ontem sábado dia 15/06, meu namorado sugeriu "porque você não leva o carro até lá em casa?", pensei, "ué, pq não?!"... bem, 40 do segundo tempo do jogo da seleção contra o Japão e saímos, a ideia era: ir pra casa dele, ver o segundo tempo e depois eu ia matar a saudade de um chocolate quente no Zarabatana.
Mas não foi assim.

Chegando ali na polícia rodoviária, o transito fica mais lento, mas mesmo assim, isso não impediu que dois carros atropelassem um cachorro. Bem na nossa frente. Até tentaram desviar ao que se pode ver, mas se foram, como se tivesse passado por cima de uma sacola de lixo.

O pânico, o choro, o travamento tomaram conta de mim de uma maneira que não consegui fazer mais nada, se não freiar levemente o carro... e desesperadamente perguntar onde era o pisca alerta e dizer pro meu namorado "tira ele da rua! tira ele da rua!!!". Ele saiu, tirou o cachorro e colocou para o canteiro central... pediu pra eu sair do carro, e então levou o carro para o outro lado da br116. Eu fiquei lá, chorando tipo uma criança que levou um susto sentada do lado do cachorro no meio da br116. Dezenas de carros passavam e certamente se perguntavam o será que aconteceu?
Neste meio tempo, uma moça que passava do sentido contrário ao que estávamos gritou e me perguntou o que ocorreu... respondi, ela fez sinal que faria o retorno e voltaria. Ela voltou! E nos ajudou a transportar o cão até nosso carro. Trocamos fones e face (hoje em dia tem que saber usar as ferramentas a seu favor!) E nos fomos.
Não sei se fiquei feliz, mas logo que chagamos no carro, o cão assustado saltou da caixa que a polícia rodoviária nos cedeu, e se enfiou embaixo do carro, por sorte, apenas colocando o carro pra frente a gente conseguiu pegar ele.
Fomos ao hospital veterinário da Dra. Renata Saccaro, ela foi veterinária da Luna por anos, e sabia que podia contar com o apoio... não, eu não estava esperando nada de graça, mas sabia que não me cobrariam o valor cheio... eu tinha certeza.
Chegando lá, eu comecei a relatar de forma bem mais sucinta o ocorrido... então, os médicos de plantão atenderam ele; tive logo duas boas notícias, que aparentemente ele não quebrou nem fraturou nada, somente arranhões e as batidas por si só, e que ele já trocou os dentes, portanto não cresce mais.
Tive que dar um nome pra ele - decidi chamá-lo de Conde, já que encontramos ele próximo ao antigo Cond Bar e temos já o Duque...
O pessoal do hospital que estava de plantão, deveria cobrar R$140, mas cobraram somente a consulta normal, R$80 e não cobraram os remédios nem os medicamentos minastrados nele lá no hospital.
Ontem já comeu... e já se mostrou mais faceiro, batia o rabo a cada visitinha que fazíamos pra ele até a hora de ir dormir.


Hoje, as 8h despertou meu celular pra eu dar o remédio pra ele. Fui lá.

Dizem que cão que bate o rabo tá feliz... então acho que desde ontem ele tá feliz... ele bate o rabo muito frenético... e fez até um barulhinhos de quando o cão faz tempo que não te vê!

Neste momento está em 114 compartilhamentos no face a breve história dele... ontem mesmo, o pessoal da ong AMOR VIRA LATA já me ligou e ofereceu diversos tipos de ajuda...

Minha intensão é achar o dono, supondo que ele tenha. Se não tiver, eu ficaria mais feliz em vê-lo correndo em uma chácara com outros cachorros, pois quando o encontramos ontem, tinha um amiguinho consigo... não encarando como um "se ninguém quiser, eu te quero" mas, se em algumas semanas nada disso acontecer, ou até antes, se duvidar... uma coisa é fato, este lar temporário, poderá sem dúvidas ser permanente!

Ver a alegria dele, e o olhar de gratidão, a lambida nos dedos... cara isso é uma coisa inestimável. O valor disso ultrapassa qualquer cifra...
Agora, só que ver ele andando logo. SÓ. Neste momento é só....


Se alguém quiser ajudar, de qualquer forma, pode me ligar 54 9946-7788.
Independente disso, só a sua torcida, pra mim já é uma grande ajuda!

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Cânions em Silveira - São José dos Ausentes - RS

Em mais um saída fotográfica...

Fomos para São José dos Ausentes:
 


"A história se faz presente muito mais do que apenas no nome em São José dos Ausentes, cidade vizinha de Cambará do Sul, distante a 55km. Foi nesta terra que durante o século XVIII, por duas vezes, proprietários de grandes sesmarias morreram sem deixar herdeiros, levando-as a “juízo de ausentes”. [...]
O forte contraste entre a altitude da serra e o litoral devido a dezenas de quilômetros de cânions dos Aparados da Serra proporciona vários locais de rara beleza, como o Cânion Monte Negro, o Cachoeirão dos Rodrigues, o Desnível dos Rios, entre muitos outros, flora e fauna exuberantes, sendo um deleite para os olhos e para muitas pessoas, os sentidos e a alma.
[...] é a cidade mais alta e mais fria do Rio Grande do Sul, sendo comum no inverno registrar por muitas vezes temperaturas negativas, nevascas e grandes geadas, cobrindo com um manto branco os campos de cima da serra. Cidade fria na temperatura, mas aquecida pelo calor serrano do povo ausentino que é hospitaleiro e acolhedor…"

Fonte em: canionturismo.com.br  (detalhe para meus óculos no gaudério da entrada da pousada)

Saímos por volta das 7:30h da encruzilhada de Ana Rech e seguimos por esse trajeto... é uma viagem longa mais por causa da estrada de chão, mas nada assustador. Você vai ver essa placa em determinado momento)

Sobre a Pousada: Se fosse dar uma nota geral, eu daria 8/10... (abaixo sala de "estar")
 

COMIDA: nada de especial, mas tudo muito bem preparado - tinha uma batata com carne e molho e o escondidinho estavam 100! Café da manhã muuito bom.

CABANAS: Mobília em bom estado; um pouco apertadinhas, mas bem bacanas; EU achei o chuveiro morno, e morno no frio não serve. Mas deu meiiiannssiim... (ao lado a que ficamos)

LOCALIZAÇÃO: Bem perto dos cânions mas longe de todo resto heheheh - a estrada de Silveira até a bifurcação que dá acesso à pousada é de chão mas é boa... mas depois é triste...

PASSEIOS: Ambos - cavalo e a pé - muito legal, se forem façam os dois. Os cavalos são bem mansos...

CUSTOS: seu combustível + R$140 (almoço + janta + pouso + café da manhã) + R$20 almoço + R$30 passeio a cavalo + bebidas

A seguir algumas fotos...

(durante passeio à cavalo)
 (saindo na porta da nossa cabana)
 (logo saindo para a caminhada)
(vista dos cânions ainda da pousada)
(paz...)
  (vista durante a caminhada)
(detalhe na entrada da pousada)

Traditional Gaelic Blessing

May the road rise to meet you,

May the wind be always at your back.

May the sun shine warm upon your face,

The rains fall soft upon your fields.

And until we meet again,

May God hold you in the palm of his hand.

May God be with you and bless you:

May you see your children's children.

May you be poor in misfortune,

Rich in blessings.

May you know nothing but happiness

From this day forward.

May the road rise up to meet you

May the wind be always at your back

May the warm rays of sun fall upon your home

And may the hand of a friend always be near.

May green be the grass you walk on,

May blue be the skies above you,

May pure be the joys that surround you,

May true be the hearts that love you.

O PORTO (Uma pequena grande história de porque tudo isso...)

A tomada de uma decisão que faz-se equivalente a um divisor de águas em nossas vidas, pode trazer-nos muitas expectativas as quais nem sempre se realizam... No meu caso, decidi ter a experiência de ir para Irlanda, Dublin, num pais que fala-se outro idioma (o inglês), o qual, por sinal sei muito pouco. Bem, acho melhor começar desde de o começo...
Em meados de 2008, acho que foi final de Abril, um amigo de Jéferson, meu namorado, foi até a casa dele e o convidou para ir com a banda deles a Portugal. A idéia era ficar 6 meses, estudando e fazendo alguns shows pela Europa. Meu namorado já havia pensado nisso na sua adolescência, mas ainda não tinha parado e verificado a real chance.
Já eu, tinha o sonho, de até meus 22 anos, passar um tempo fora do Brasil. De início queria Cuba, depois Espanha, depois México, mas realmente não tinha pensado em Portugal. Pois bem, ele ficou pensativo. Como seria? Os dois longe? Eu me importaria? Foi aí que eu disse “e eu não posso ir junto?” e aí ambos tivemos a surpresa feliz, além de irmos “namorando”, tínhamos ganhado um parceiro de viagem...
Fomos então ver como funcionava irmos pela UCS... para qualquer país que não fale-se português, teríamos que fazer uma prova de proficiência e atingir um resultado muito bom... nem tentamos, seria perda de tempo... Então vamos lá! Portugal... E aí a primeira chateação: para o 2º semestre de 2008, não havia mais tempo. Desistir? Não! Eles apenas teriam que arrumar outro baixista para ir com a banda... Acho que no fim, só foi mesmo o cara que convidou...
Depois disso, surgiu outro plano, ir com banda dele, mas não no 1º semestre de 2009, no 2º, para banda se preparar... Eles teriam 1 ano e 4 meses para isto... E para onde iríamos? Bragança, uma cidade no Norte de Portugal, pequena mas muito bonita. Tentaríamos os quatro, eu, ele e os dois amigos da banda.
E foi assim até Março de 2008, “preparando”, pesquisando. Bragança seria mais fácil, pois fomos informados que não havia procura para lá, então não haveriam concorrentes. Não era uma cidade tão famosa, portanto, não tinha um custo de vida muito alto, o que para nós seria ótimo, já que na Europa tudo é mais caro...
O tempo passou, até que bem rápido, e chegou o “dia” de irmos ver para nos inscrevermos... nesse meio tempo, já desconfiávamos que os dois amigos do Jéferson, não iriam, mas nós dois não iríamos desistir. Pois aí que tivemos a segunda chateação: não havia mais convênio com o Instituto Politécnico de Bragança, assim, só nos restava: o Porto.
Porto é uma das cidades mais turísticas de Portugal, cidade litorânea, onde também são fabricados os famosos vinhos do Porto. Assim, já ficaria ao menos uns 30% mais caro para se viver. Mas ok. Vamos lá... não seria um custo de vida um pouco mais elevado que iria nos impedir!
Mas aí vem a terceira chateação. Não haviam nem 3 dias que tinha ido lá e ficado sabendo de Bragança, e eis que ouço um zum zum zum “a UCS quer cobrar 12 créditos do curso para os estudantes fazerem intercâmbio”. Nossa! Doze créditos, aumentava para mim uns R$ 2.500,00 e para Jéferson uns R$ 4.000,00. Daí sim, estávamos de certa forma condenados a não irmos, ao menos não agora! Foi a primeira vez que chorei por causa disso.
Revolta vai, revolta vem, manda e-mail, manda ofício. Até que uma boa notícia: não vão cobrar ainda isso. Pensamos “ufa” e começamos a ver todos os documentos necessários. Na correria de tudo, uma quarta chateação, era um pré-requisito ter 50% do curso concluído, eu tinha eles exatos, mas meu namorado, em torno de 43%... será que daria? E conversa vai e vem, ele pôde se inscrever, mas ficou com um pé atrás.
Em 9 de Junho, numa terça de tarde, fomos num evento de pré-embarque da UCS e ficamos sabendo que da faculdade dele, a Fernando Pessoa, tinham duas vagas, e dois inscritos, ele e uma menina também da Engenharia Ambiental. Da U. do Porto, tinham 10 vagas, e 5 inscritos, eu e mais 4 meninas, cada uma de nós de cursos e áreas diferentes. Depois de saber que tinha sido “selecionada” pela UCS, foi uma das minhas primeiras alegrias. Porém, achei estranho, 2 meninas da U.P. já tinha recebido carta de aceite. Mas eu e mais duas, nada... ainda assim, a esperança é última que morre, mesmo embora eu soubesse que uns 80% das pessoas inscritas, dos mais ou menos 60, já haviam recebido resposta, ou ao menos um e-mail, eu não desanimei.
Foram se passando os dias, até que em 18/6 fui ver se eles sabiam de algo, e fiquei sabendo que a carta dele já estava a caminho: ele tinha sido aprovado, fiquei feliz, mas também fiquei sabendo em seguida que a minha e mais uma menina da U.P. estava sob análise ainda. Fiz a matrícula. Demorou mais umas 3 semanas e a carta dele chegou por e-mail.
Neste meio tempo, me comuniquei com a outra menina que esperava resposta como eu. Pude compartilhar o sentimento de angustia com alguém, isso fez muito bem... Mas uma coisa era real, algo estava me deixando pensativa. Eu pensava que iria dar certo, mas tinha um palpite que não. Sexta, dia 10/7, procurei no site da U.P. informações... o que tenho a dizer... fiquei muito deprimida, vi que para o curso de economia, o qual eu estava inscrita, (já que o curso de Administração de Empresas é um curso de pós, então se faz Economia e Gestão) só tinham 8 vagas para América Latina, e o pior, com preferência para inscritos em outro tipo de programa, ou estudantes da área, que na realidade, a minha não é exatamente economia...
Para valer, foi a segunda vez que chorei. O Porto, estava ficando cada vez mais longe. Contudo, eu ainda tinha esperança que estivesse “lendo” as informações de forma equivocada. Mas já estava me preparando, mas eu tinha que parar de ser egoísta...
Segunda, dia 13/7, acordei pensando o que seria um dia bom, já que na noite passada, havia implorado uma ajudinha dos céus, para que eu tivesse essa semana, uma resposta. Seja ela qual fosse! Realmente, foi uma segunda bastante agradável, pude adiantar alguns papéis para o visto e recebi a última nota que faltava da UCS, um 4 em RH2. Terça, comecei o dia com mesmo pensamento, estava além de tudo feliz porque ia folgar sexta, quinta de tarde ia pra minha vó, campo, ar fresco, tranqüilidade, mas no meio da tarde, começou um angustia fora do normal, um “não sei o que” tão monstruoso que fez eu roer minhas unhas (de novo) de uma forma que fazia tempo que não fazia.
Na terça ainda, mandei um e-mail pro pessoal do Intercambio da UCS, perguntando, se “será que não está demorando porque pedi muitas matérias, e eles não podem aceitar... diga que não farei todas, é só pra ter mais opções...”. De noite nossos vizinhos jantaram aqui, foi muito agradável, conversei sobre a viagem, mas não deixava de colocar um “se” na frente de cada frase que se referia a minha viagem, na verdade o tempo inteiro foi assim. Na quarta de manhã, acordo com o telefone, dei um salto da cama. Era o Jeferson, tinha ido a POA, se informar sobre o visto, e iria ao aeroporto autenticar a carteira de vacinação, etc. Ele me ligou e falou que só estavam marcando o visto pra depois de 13/8, com mais aproximadamente 40 dias mais, só iríamos viajar final de Setembro, fiquei apreensiva já que nem sinal da minha carta.
Resolvi ligar para o consulado, agendar uma data, como se tivesse tudo certo, caso não desse, eu desmarcava. Acabei ligando e caiu num outro local, tentei novamente, e deu ocupado, achei que o número podia estar errado, então liguei para informações de Caxias, mas eles não tem dados de POA. Aí que eu fiz a ligação mais horrível da minha vida até hoje. Liguei para o escritório de intercâmbios, para confirmar o número do consulado. Quando comecei a explicar a idéia, a moça do outro lado da linha começou mais ou menos assim: “Elen, a gente recebeu teu e-mail, e na verdade a gente já tem uma resposta (essas alturas eu já sabia)... é infelizmente foi negativa...” o meu coração nunca bateu tão rápido e descompassado. Vi o quanto o ser humano não está preparado para receber um não, ainda mais quando é um não para um sonho, uma expectativa. Apenas consegui pedir porque, ela respondeu, era sobre as 8 vagas, muita gente recebeu não, eu fui uma dessas pessoas. Eu disse que já sabia. Disse com a maior das falsidades que pude encontrar: “é né, fazer o que... não deu não deu”. Desliguei.
Agora vem a realidade. Gritei. Gritei um “que meeeeerda” tão alto, que não sei como os vizinhos não vieram ver. Coisas voaram nas portas do guarda-roupa, tive vontade de rasgar todos os papéis que falavam do intercâmbio. Chorava. Chorava como se tivesse perdido um ente querido. Chorava de raiva. Senti muita raiva, porque deixar a gente esperando tanto tempo para dizer não. Fui tomar banho. Chorei mais, quebrei o cabo da minha escova de cabelo quando atirei ela no chão. Agradeci, afinal, eu tive uma reposta na semana que queria, e o melhor, estava em casa. E o tempo todo, a minha cachorrinha Luna, ficou ao meu lado, não podia dizer nada, mas colocava as suas patinhas da frente na minha perna e deitava sua cabaça na minha coxa... chorava de ver ela ali comigo...
Voltando a minha breve conversa por telefone, com a moça da UCS, no final da conversa, ela mencionou que se desejasse eu podia passar até 3 meses em Portugal como turista, sem visto, ou então, tentar outro intercambio, por outro meio. Enquanto tomava banho pensava... fui trabalhar. Peguei o ônibus, e fui em pé. Não sorri o tempo todo. Cheguei no serviço, pude dissimular bem, acessei meu e-mail, e li a tal resposta. Tinha de olhar para cima para não chorar de novo. O dia não rendeu nada, porém não perdi tempo, mandei e-mails pras 3 operadoras de intercambio que conhecia. Uma, acho que não entendeu muito bem o que eu escrevi, disse que não tinha nada para Portugal, mas eu já não queria mais ir pra lá, outra até agora não me respondeu nada, e uma delas, respondeu meu e-mail. Tinha três propostas a princípio, já para ir em Setembro, Espanha, sem “visto”, mas sem possibilidade de trabalho; Inglaterra, “sem” visto como estudante, sem trabalho, se quisesse o de trabalho, teria que ir até o Rio de Janeiro, e era bem mais difícil ou, a mais em alta, Dublin, na Irlanda, visto de seis meses com possibilidade de trabalho.
Em pouco tempo, já estava tudo “analisado” e “decidido”: eu iria para Dublin. Mas é claro, conversando com os mais próximos, conselhos sempre são repassados para se pensar bem, analisar com calma, ver se valia a pena perder um semestre de aula só pra dizer que eu fui e ponto. A minha cabeça doía como fazia tempo que não doía. Fui para a última aula de inglês. Era dia de prova, não sei como fiz toda ela, e ainda acho que fui bem, em talvez 20 minutos. Meu pai foi me buscar. Eu quase chorei, mas não chorei pra não deixar ele nervoso.
Vim pra casa, algumas palavras, e silêncio, palavras e silencio. Pegamos meu namorado na casa dele. E novamente, palavras e silêncio. Cheguei em casa, dei um abraço na minha mãe, e chorei. Ela chorou também. Todos estavam tristes. Daí eu disse à ela que eu não ia desistir, e ela disse que sabia disso. Conversei rapidamente com meu pai, minha mãe e meu namorado sobre as minhas idéias. Meu pai, disse que o que eu decidisse ele daria um jeito e assinava em baixo. Já minha mãe e meu namorado, disseram para eu pensar antes de tomar qualquer decisão. Eu, ainda chorei mais uma vez, junto com meu namorado.
Quinta acordei com uma estranha felicidade. Fui trabalhar, fiz o que tinha que fazer. Mandei mais uns e-mails. O dia rendeu. Deu 13h e comecei me arrumar para sair, íamos pegar a estrada. Conversamos muitos sobre as propostas. Fiquei de usar o final de semana para decidir. Chegando na minha vó, contei mais ou menos o que tinha acontecido. Minha madrinha lamentou muito. Na mesma noite fiz um balanço das idéias que tinha em mente: não ir, terminar o estágio, ficar mais um ano, e ir em seguida... mas pra onde seria? Portugal de novo? Não obrigado. Afinal, eu não teria proficiência suficiente em outro idioma, então me restava ali, ou África, que não me atrai tanto, não por nada, só não é bem o que queria. Poderia usar a idéia do Jeferson, para não perder o semestre inteiro, ir e fazer um curso menor de 3 meses, daria tempo de juntar mais dinheiro, e se eu gostasse, ficaria, mas isso, eu não sabia muito bem se dava, e com 3 meses só, não daria para ao menos tentar trabalhar. E ainda, ir agora em setembro, ficar lá 6 meses e tentar arrumar alguma coisa pra empatar os gastos, perderia o semestre, mas aprenderia outro idioma em bem menos tempo que fosse aqui no Brasil, e claro estaria um pouco mais perto do namorado.
A decisão era quase certa, ia ver quanto ao curso de 3 meses, se não valer a pena, pelo custo benefício, farei o de 6 meses, ambos saiam caro, mas tinha que fazer valer. Então, recebi o orçamento, de 4 meses... e vi que não valia a pena, o valor era muito pouco inferior, e a passagem diferença de aproximadamente R$ 200,00, então, não valia a pena.
Segunda, dia 20/7, o dia do Amigo, eu fui conversar e ver mais detalhes... encontrei, por acaso, o um homem que foi colega (indireto) de trabalho, o qual eu tinha ficado sabendo que o filho tinha a pouco voltado de Dublin. Seria um sinal? Já fui conversando com ele, e pedi se podia tirar duvidas e se o rapaz poderia me dar umas dicas (eu ainda não tinha decido), o colega foi muito atencioso, passou o telefone do filho e disse que avisaria que eu ligaria. Encontrei uma amiga, e já lhe adiantei os fatos. Fui até a operadora, conversei, tirei duvidas, e fiquei de decidir.
Vim para casa... conversei... e decidi, o que já estava decidido. Eu iria. Seis meses, num país que sei pouco (vou estudar é claro), falo somente frases prontas em sua língua, só com um conhecido (uma colega da UCS, que foi de novo agora em Junho, porque amou de paixão o país). Com a grana meio contada, numa ilha, a mais de 12h de vôo de casa, no hemisfério oposto, e muito mais coisas, que assuntam a muitos, mas a mim, me atrai!
Hoje quarta dia 22/7/2009, eu fui preencher alguns papéis, amanhã já irei com meu pai, fazer a transferência do dinheiro, torcendo para ol cambio ser mais favorável. Sabem, as vezes nos dizem, que quando não dá certo uma coisa, a gente não deve insistir, por que de certo não era pra ser. Faz sentido, mas não ligo muito, contudo, de qualquer forma, não insisti, não vou ir pra Portugal. Por outro lado, minha mãe logo disse, fecha-se uma porta, abre-se outra, quem sabe algo melhor não me espera? Medo de não ser como eu espero, embora TODOS dizem que é maravilhoso... não tenho. O ridículo é se acomodar. Bom ou ruim, poderá ser aqui, em Portugal, ou num hotel em Fernando de Noronha de graça, basta não estar fazendo o que se quer muito, e de coração.
Sinceramente, não acredito que será ruim. Poderei não ir a tantos lugares quanto queria... mas quem disse que eu quero parar? Ainda mais se gostar... Conviver com outras culturas, ter experiências novas, aprender e praticar outro idioma no dia-a-dia, conhecer lugares, histórias, estórias... e mais, sentir falta de quem se ama e dar mais valor ainda. Isso também é a prender!
Uns podem dizer que de nada vale, que é um dinheiro mal empregado, que não vai me agregar nenhum valor profissional, que eu poderia investir em outras coisas, embora eu ache que na parte de emprego, um inglês bem aprimorado é um bom diferencial... Enfim, poderão muitos dizer coisas que não me farão desanimar, tão pouco desistir... poderão falar que a minha família não estava pode podendo bancar isso... não quero provar nada pra ninguém, embora as vezes eu me sinta imensamente superior por ter essa oportunidade. O dinheiro se recupera, a oportunidade não. O saber não ocupa lugar... e mais, podem te deixar nu, podem te deixar sem nenhum um tostão no bolso, podem te tirar tudo, mas o teu saber: jamais.
E é por isso ser uma pena que muitos ainda andem com viseiras, e achem que não é tão importante assim a educação. É uma pena que ainda existam pessoas que não possam realizar seus sonhos, por que alguém, muitas vezes eleitos com a confiança delas, desviou a verba que iria para parte da realização desses sonhos... é uma pena, é triste mas é verdade. Lamentável, como possam ainda não deixar as pessoas ao menos, chegarem com seus barquinhos, no Porto de seus sonhos... mesmo assim, mesmo que pareça difícil, mesmo que pareça que não há outro caminho, mesmo que pareça que tudo conspira contra você... uma coisa eu afirmo: não ancore o seu barquinho esperando que alguém tire ele dali. Você mesmo vai ter que ir atráz do jeito de sair... e navegar!

Elen Concari de Aguiar, 22 de Julho de 2009. 23:35h